Presidente da República participou na celebração do episcopado português em memória do Papa Francisco
Fátima, 28 abr 2025 (Ecclesia) – O presidente da República disse hoje em declarações à Agência ECCLESIA que o Papa Francisco “gostava muito” de Portugal e valorizava a presença dos portugueses no mundo, num “papel de ponte”.
“Nós novamente estávamos habituados a papas europeus, que viam o mundo a partir da Europa. Ele não: via exatamente o mundo de outra forma, a partir da América Latina. Dessa perspetiva, dava muito valor à nossa presença no mundo, à nossa diáspora e ao papel de ponte, de plataforma que os portugueses por todo o mundo têm”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
No fim da Missa concelebrada pelo episcopado português na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, o presidente da República lembrou que os portugueses são “uma plataforma para os periféricos dos periféricos”.
“Ele gostava de nós, muito, porque éramos periféricos e dávamo-nos muito bem com os periféricos, éramos uma plataforma para os periféricos dos periféricos”, afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que a celebração que aconteceu hoje em Fátima foi uma oportunidade para que todos os bispos de Portugal evocassem o pontificado do Papa Francisco, numa “ocasião é única”, quando estão reunidos para “debater problemas que têm a ver com a Igreja e têm a ver com a sociedade portuguesa”.
Sete dias depois da morte de Francisco, aqui estão a assinalar num ambiente que é um ambiente feito de alegria, como ainda é o Tempo Pascal, de saudade pelo Papa Francisco e de esperança em relação ao futuro, agora que já foi anunciado que o conclave arranca no dia 7”.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que o funeral do Papa Francisco, em Roma, teve “uma adesão popular de não-católicos”, nomeadamente chefes de estado, e, nas ruas, com a presença de muito não-católico que se reconheciam “na mensagem, no testemunho, no exemplo, na vida e na obra de Francisco”.
A Missa em memória do Papa Francisco foi presidida por D. José Ornelas, no dia em que iniciou em Fátima a Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Para o presidente da CEP, o pontificado do Papa Francisco fica marcado por “duas visitas marcantes” que “dão sentido ao seu percurso como sucessor de Pedro”: “a visita inicial a Lampedusa, o porto de chegada dos migrantes sobreviventes da travessia do mar Mediterrâneo, e, poucos dias antes de morrer, a visita ao cárcere de ‘Regina Coeli’, que visitara várias vezes durante o seu ministério em Roma”.
O presidente da CEP disse que o Papa Francisco foi “um impulsionador do diálogo ecuménico e inter-religioso, apelando à fraternidade humana para superar os muros da intolerância, do medo e do ódio, e incansável nos apelos à construção da paz”, e valorizou o “cuidado com a Casa Comum”.
D. José Ornelas referiu-se à sinodalidade na Igreja como afirmação da “necessidade de um caminho conjunto de todos, na diversidade das funções e ministérios e culturas” e disse que “muitos outros temas da agenda do Papa Francisco continuarão a desafiar a Igreja, como o combate aos abusos sexuais contra crianças e adultos vulneráveis, e os abusos de poder e consciência, o papel das mulheres na Igreja, a autoridade e o serviço, na Igreja e no mundo”.
O presidente da CEP valorizou a ligação do Papa Francisco a Portugal nomeadamente quando visitou Fátima no Centenário das Aparições e para canonizar os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto e a “sua mais longa visita ao nosso país aquando da inesquecível Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”.
A Missa em memória do Papa Francisco foi celebrada na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, no primeiro dia da 211ª primeira Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.
PR