Missão em Bragança-Miranda

Escrito em 04/08/2025

De 27 de julho a 03 de agosto, os Capuchinhos, dinamizaram mais uma Missão Evangelizadora Itinerante (MEI) em Bragança-Miranda.

De 27 de julho a 03 de agosto, os Franciscanos Capuchinhos, dinamizaram mais uma Missão Evangelizadora Itinerante (MEI) na Diocese de Bragança-Miranda.

À Fraternidade Itinerante de Presença e Apostolado (FIPA), em Argozelo, composta pelo Frei Hermenegildo Sarmento, o Frei John Naheten e o Frei Hermano Filipe, juntou-se o Ir. António José, Postulante Capuchinho, da Fraternidade do Amial. Tocou-lhes acolher, juntamente com a família do Diácono António Rebelo, os muitos leigos vindos, sobretudo, da Comunidade Cristã de Santo António, em Barcelos.

Nos primeiros dias, foram 26 os missionários que, distribuídos por três carrinhas, percorreram montes e planaltos transmontanos para anunciarem o nome de Jesus. Desde quinta-feira, dia 31, o número de missionários/as subiu para mais de três dezenas, tendo a mais nova apenas 7 meses e a mais velha 73 anos. Os adultos eram em número de 13; os restantes, uma bebé, adolescentes e jovens. Foi a estes que foi pedido um pequeno testemunho que enriquecesse o “diário” desta semana missionária.

O dia 27 de julho, domingo, foi dia de viagem até Argozelo, aonde o grupo chegou ao início da tarde. Para alguns, era o regresso a uma casa já conhecida desde 2024, quando se realizou uma MEI nas paróquias de Argozelo, Carção, Santulhão e Matela. Para outros, foi uma novidade, como foi o caso da Mariana Carvalho: «Para mim, toda esta experiencia está ainda a ser processada… cheguei aqui de paraquedas sem saber bem para onde e para o que vinha, mas quando dei por mim já estava a sentir-me parte do grupo. E isso, no que me toca a mim foi de longe a melhor parte… Sentir-me acolhida e segura». Alguém do grupo dizia ainda que chegou muito cansado da viagem e cheio de sono mas logo sentiu uma energia espontânea como se tivesse bebido um "shot de Espírito Santo".

Depois do almoço, houve tempo para organizar as coisas, distribuir as tarefas (cozinha, louça, limpezas, etc.) e descansar. Às 18h00, celebramos a Eucaristia na Igreja Matriz, presidida pelo Frei Hermenegildo Sarmento. O pároco, Pe. Aníbal Anunciação, jantou connosco às 20h00.

No dia 28 de julho, segunda-feira, aguardava-nos Vimioso, sede de concelho. Ali, acompanhados do pároco, Pe. Manuel Rufino, o grupo dividiu-se para visitar a Unidade de Cuidados Continuados, o Lar da Santa Casa da Misericórdia e o ATL, uma experiência muito rica para todos, como nota o João Pedro Carvalho: «Algo que me marcou foi quando, na visita ao lar, falei com um dos utentes. Desde então sinto que alguma da vergonha que eu tinha de falar desapareceu».

Entretanto, montaram-se três tendas na praça entre a Igreja Matriz e os Paços do Concelho: a Tenda do Encontro, um espaço onde se encontrava um sacerdote para atender em Confissão, a Tenda da Palavra, um acolhedor espaço de oração, e a Tenda da Criação, com atividades para a divulgação da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, e o Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis.

Mas a verdade é que a tarde foi pouco movimentada, sendo a terra onde mais se notou a falta de gente. Nada que assuste os nossos jovens missionários, como afirmou a Matilde Fernandes: «O Gonçalo foi das poucas crianças que veio ter connosco mas vimos no seu rosto a enorme felicidade por estar ali connosco e isso bastou para que a ‘missão’ acontecesse.»

Antes da vigília de oração, que contou com a presença de um bom número de pessoas apesar do vento que se fazia sentir, o Presidente da Câmara Municipal de Vimioso, Sr. António Santos, teve a delicadeza de visitar o nosso grupo. O regresso a casa fez-se pelas 23h00.

No dia 29, terça-feira, dirigimo-nos para Macedo de Cavaleiros e instalamos as tendas no Jardim 1º de Maio, mesmo em frente à Câmara Municipal. Apesar do muito calor que se fazia sentir, apareceram as adolescentes acompanhadas pelas Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado e dezenas de crianças para participarem nas atividades programadas: conto de uma história, dança, desenho, entre muitas outras. A Alexandra Lopes foi a responsável pelas pinturas faciais e uma criança em particular marcou-a de forma especial: «Passei muito tempo a pintar e a conversar com uma menina de apenas seis anos, a “coelhinha Matilde”, como lhe chamamos. À noite, ela apareceu com a avó na vigília de oração e pediu-me para dar um beijinho na Cruz porque queria a bênção de Jesus, o que achei tão lindo e me fez emocionar. Mostrou-me que amar e falar de Jesus não tem idade».

Entretanto, alguns elementos do grupo, foram pelas ruas distribuir a pagela com o Cântico das Criaturas, conversar com as pessoas e convidá-las para a celebração da Eucaristia na Igreja de Santa Maria, Mãe da Igreja, presidida pelo Pe. Eduardo Novo, dos Marianos da Imaculada Conceição.

A vigília de oração, às 21h30, no belíssimo Parque Eng. Luís Vaz, contou com a participação de muitas pessoas. E, mais uma vez, foi algo que marcou muito os nossos jovens, como o Tiago Faria: «Senti que me aproximei mais de Deus».

No dia 30, quarta-feira, rumamos a Miranda do Douro. Depois de uma breve paragem no Centro de Saúde da cidade fronteiriça com Espanha para cumprimentarmos um médico amigo e benfeitor da ‘missão’, montamos as tendas em frente à Concatedral. edifício imponente, datado do século XVI. A fachada em pedra granítica lavrada, austera, de simetria exemplar, com as duas torres sineiras, destaca-se na paisagem, e protegeu-nos do sol durante parte da tarde.

Recebemos a visita de algumas pessoas, sobretudo turistas espanhóis, mas também da Presidente da Câmara Municipal, Dra. Helena Barril.

Acompanhados do pároco, Pe. Manuel Marques, o grupo foi visitar os utentes do Lar da Misericórdia e da Unidade de Cuidados Continuados.

Depois, dividiram-se em três grupos, para ir pelas ruas falar de Jesus e do Cântico das Criaturas. Um grupo ficou no centro histórico, outro foi para a zona do comércio e dos bares com esplanada. O terceiro, mais pequeno, passou uma hora só com uma senhora, sobrevivente de doença oncológica, que marcou de forma especial o Francisco Lourenço: «a história de vida da Maria de Lurdes tocou-nos muito. Levo-a comigo para casa».

À noite, a vigília de oração, feita no interior da igreja, contou com a presença de muitos fiéis.

No regresso a casa, muitas vezes perto da meia-noite, ainda havia tempo para parar uns minutos para alguma daquelas brincadeiras tão importantes para a união do grupo. Foi o caso deste dia, que marcou particularmente a Leonor: «Depois de, na véspera, ter pedido ao frei que conduzia a carrinha da frente para parar para vermos o céu estrelado e ele ter acedido apesar da hora, hoje foi ele a tomar a iniciativa. Trazia, sem que ninguém o soubesse, rebuçados e bolachas para todos, e azeitonas, apreciadas por ambos. Foi como se me dissesse, sem palavras, “eu lembrei-me de ti”. Chorei “baba e ranho”, não só porque acho que nunca tinha visto um céu tão estrelado mas, sobretudo, pelos gestos de cuidado e carinhos dos freis».

No dia 31, quinta-feira, o nosso destino foi Bragança, concretamente a Igreja de S. João Baptista (Antiga Sé). As atividades realizaram-no no claustro do antigo mosteiro, que partilha as instalações com o Centro Cultural de Bragança e o Conservatório de Música de Bragança.

O pároco, Pe. José Manuel Bento, foi diligente em mobilizar crianças e idosos para participarem nas atividades, bem como um grupo de jovens com deficiência.

A Eucaristia, às 17h40, foi presidida pelo Pe. Nélson Vale, concelebrada por vários sacerdotes e animada pelo nosso grupo.

À noite, muitas pessoas afluirão àquela belíssima igreja para mais um momento de oração, muito importante no dizer da Inês Ribeiro: «Durante esta semana, marcou-me a missão da oração, o poder proporcionar um espaço de silêncio e oração às pessoas que vinham ter connosco. No nosso dia a dia é, não raras vezes, difícil encontrar tempo para rezar verdadeiramente. Ouvir o quanto aquele espaço e tempo foi importante para as pessoas, fez tudo valer a pena».

No dia 01 de agosto, sexta-feira, fomos para Mogadouro. Montamos a Tenda da Criação junto à Capela de Nossa Senhora do Caminho, onde acolhemos alguns adolescentes, sobretudo do Agrupamento de Escuteiros de Mogadouro, e alguns dos jovens passaram a tarde em oração dentro da capela.

Outros, foram pelas ruas interpelar as pessoas e oferecer-lhes a pagela com o Cântico das Criaturas.

Às 19h00, participamos na Eucaristia em honra de Santa Ana, a que se seguiu um maravilhoso tempo de convívio com a população local.

No dia 02, sábado, fizemos uma peregrinação a pé ao Santuário de São Bartolomeu, com várias paragens e meditações pelo caminho. A saída, às 04h45, contou com a participação de dezenas de pessoas, para além dos nossos jovens que dormiram apenas umas três horas para poder participar, como faz questão de lembrar a Rita Faria: «Para acordar foi terrível mas a realidade é que vivemos algo verdadeiramente gratificante. No final da caminhada, o Frei Hermano Filipe, presidiu à Missa pelo Cuidado da Criação e, depois, tomamos o pequeno-almoço com todos os que nos acompanharam. O que me tocou mais profundamente aconteceu depois... eu e as minhas amigas ficamos sentadas no chão a olhar para a paisagem em completo silencio, simplesmente aproveitando o tempo juntas».

Às 10h45, o grupo foi visitar os idosos no lar de Argozelo e, às 21h30, dinamizou mais uma vigília de oração na Igreja Matriz. O Ricardo Kassoma, natural de Angola, aproveitou esta oração para fazer uma síntese pessoal da semana missionária, a qual o ajudou a «entender melhor o que é ser missionário» e a sentir-se «grato por ter participado na MEI em vez de ficar em casa as férias todas sem fazer nada».

Iniciamos o dia 03, domingo, como todos os outros dias, com a oração da manhã, junto ao altar do Igreja Matriz de Argozelo, e a avaliação do dia anterior onde se ouviam testemunhos como este da Mariana Lourenço: «Durante esta semana vivemos verdadeiramente em comunidade, pondo o outro acima de nós. Viemos sem saber se conseguiríamos fazer alguma mudança na vida das pessoas que conhecemos, mas descobrimos que bastava ter os ouvidos abertos para escutar. Esta semana foi dar, mas foi sobretudo receber. Receber histórias, sabedoria, outras maneiras de pensar e de ver o mundo. Em poucos dias, vimos crescer entre nós uma cumplicidade familiar de amizade e companheirismo, ouvindo-nos uns aos outros».

O resto da manhã foi dedicado à limpeza das viaturas usadas durante a semana e a outros trabalhos mas até estes momentos são uma oportunidade de conviver e fortalecer os laços fraternos como fez questão de sublinhar a Mélci Lafayette, também natural de Angola: «gostei muito do convívio com todos, inclusive com os freis, que nos receberam de braços abertos, e, sendo a minha primeira experiência missionária, sinto-me agradecida por tudo».

De tarde, a convite de Dom Nuno Almeida, bispo diocesano, deslocamo-nos à Sé Catedral de Bragança para participarmos e animarmos a Eucaristia das 18h00.

Terminada a celebração, o grupo de Barcelos pôs-se a caminho. Também o Ir. António José, formando Capuchinho, regressou ao Porto, deixando este testemunho: «Sentindo-me um verdadeiro irmão entre irmãos, senti também que Deus reforçou o chamamento que me fez e continuamente faz».

Esta foi terceira MEI organizada pelos Capuchinhos a envolver tão grande número de leigos. A primeira realizou-se em Elvas, na Arquidiocese de Évora, em 2022.

Quanto aos Irmãos da FIPA, a missão continua já esta semana, em Bruçó e Castelo Branco, no Município de Mogadouro, porque o anúncio do Reino de Deus não pode parar.

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