A Paróquia da Sagrada Família do Calhariz de Benfica e os Capuchinhos celebraram as Bodas de Ouro Sacerdotais de D. Joaquim Lopes.
Bodas de Ouro Sacerdotais dum Bispo Missionário,
Dom Frei Joaquim Ferreira Lopes, OFMCap.
A Paróquia da Sagrada Família do Calhariz de Benfica e a fraternidade dos Franciscanos Capuchinhos, em Lisboa, estiveram em festa no domingo, dia 28 de setembro de 2025, ao celebrarem as Bodas de Ouro Sacerdotais do Bispo Emérito de Viana (Angola), D. Fr. Joaquim Ferreira Lopes, OFMCap., homenageando, assim, este prelado. A celebração realizou-se pelas 12 horas com a Missa de Ação de Graças, que o laureado Bispo presidiu, tendo concelebrado os sacerdotes Fr. António da Silva Martins, Ministro Provincial dos Capuchinhos, Fr. Emídio Morais, Pároco, Fr. Adelino Domingues Soares (missionário em Angola) e Fr. António Pojeira Dias, da fraternidade dos Capuchinhos do Porto (Amial). D. Joaquim, que recebeu a sua ordenação sacerdotal no dia 25 de maio de 1975, no Porto, já comemorou esta efeméride na diocese de Viana (Angola, 25/05/2025), na Casa de Praia de Mira, Instituto da Sagrada Família (23/04/2025), com a presença dos Capuchinhos de Portugal, e na freguesia de Roriz, Santo Tirso (01/06/2025), com a presença dos conterrâneos da terra que o viu nascer.
A Eucaristia, que foi animada liturgicamente por um pequeno coral, iniciou-se com as palavras do Fr. António Martins, que fez a apresentação ao povo do homenageado. No momento da homilia, com as leituras próprias do XVI domingo comum (parábola do rico avarento e do pobre Lázaro), o bispo referiu a importância da Palavra de Deus desse dia, destacando a parábola com o seu sentido parenético, exortatório e bíblico (parábola que não deve ser lida numa perspetiva do discurso sociológico, político, económico ou projeto financeiro, nem na antítese pobreza-riqueza, pobres-ricos). Afirmou que “é agora que o rico tem de ouvir o pobre que chora na sua miséria, é agora que temos de ouvir a voz de Moisés e dos Profetas, é hoje que o povo deve reconhecer nesta parábola que Deus é Pai, e que aquele que não reconhece o próximo como irmão e lhe fecha o coração e os bens, nem é filho de Abraão nem é filho de Deus. É hoje e agora que temos de trabalhar para retirar as desigualdades gritantes e proporcionar uma vida digna para todos pois, na mentalidade bíblica, pobre é aquele que tem a sua confiança colocada em Deus…”. Referiu-se, no final da homilia, ao jubileu “Peregrinos de Esperança”, momento oportuno para “dar graças ao Senhor pelas maravilhas que Ele fez”, citando S. Francisco de Asis, que “disse aos seus frades, num aviso solene, numa admoestação, que não atribuamos a nós o bem que fizemos, porque todo o bem que a gente fez foi Deus o autor dele. Por isso, se ao longo destes cinquenta anos houve muito e bem, foi Deus que o fez e é só a Ele que devemos agradecer. Mas o jubileu tem outra dimensão, não antagónica ou contrastante: além de ação de graças, é também momento de perdão. Perdão, porquê? Porque houve muita coisa que se fez mal ou não se fez e se omitiu, e todo o mal. E todo o mal que fiz, sou eu o autor, atribuo a minha autoria. Por isso, nesta dupla dimensão em que devemos celebrar o jubileu, sim, dou graças ao Senhor convosco nesta eucaristia e peço também perdão de todo o mal de que eu fui o autor, defraudando o Povo de Deus, a Igreja, não fazendo tudo aquilo que podia ter feito, porque Ele dá sempre a graça de o reavivar, e se o não fiz, sim, sou eu o autor e me penitencio diante de vós. Rezemos uns pelos outros para que o Senhor tenha compaixão de nós, nos dê a Sua bênção e, depois, o prémio de termos fundamentado a nossa vida na Sua Palavra.” Após a celebração, foi distribuída aos fiéis uma pagela comemorativa do evento.
D. Joaquim nasceu em Roriz, Santo Tirso, diocese do Porto, a 13 de Outubro de 1949. Apesar de ter emitido os seus votos no Mosteiro Beneditino de Singeverga (08/10/1969), ingressou na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos, onde professou no dia 17/09/1972, no convento de Santo António em Barcelos. Fez os seus estudos filosóficos e teológicos no antigo ISET (Porto e Lisboa). Frequentou também o Conservatório de Música do Porto e fez estudos de alemão no Instituto Goethe. Fez, em Jerusalém e Roma, os seus estudos bíblicos, concluindo a sua Licenciatura em Teologia Bíblica em 1999. Foi ordenado Sacerdote no dia 25 de maio de 1975, pelas mãos do saudoso D. Francisco de Mata Mourisca, bispo do Uíje. Em Angola viveu a sua grande paixão missionária, para onde partiu no dia 14/08/1973, e onde permaneceu até ao dia 28/04/2019, quando regressou a Portugal, interrompendo apenas para os seus estudos em Sagrada Escritura (1997-1999). Em Angola, desempenhou diversos ofícios: pároco de Santo António (Luanda), diretor das Obras Missionárias Pontifícias de Angola e S. Tomé, Vigário-geral e Ecónomo da Arquidiocese de Luanda, Chanceler e Secretário da CEAST, Professor na UCP de Luanda e Seminário Maior, Presidente nacional da OFS e Conselheiro dos Capuchinhos. No dia 21 de Novembro de 2001, Sua Santidade o Papa João Paulo II nomeou-o como primeiro Bispo da recém-criada Diocese de Dundo (Lunda Norte, Angola) e, a 6 de Junho de 2007, foi nomeado por Sua Santidade o Papa Bento XVI, como primeiro Bispo para a recém-criada Diocese de Viana (Angola). D. Joaquim reside, atualmente, na fraternidade dos Capuchinhos em Lisboa.
Publicou várias obras, destacando-se: Cartas e Mensagens Pastorais (2017); Cartas do Bispo de Viana aos seus Sacerdotes (2018); Angola: nascimento de duas Dioceses – Dundo/Lunda Norte (2021); A Independência e o Advento da Paz em Angola – Proposta de uma leitura política do livro do Êxodo – Ensaio de Teologia Bíblica (2022); O Santuário de Nossa Senhora da Conceição da Muxima – Do século XVI ao início do século XXI (vol. I, 2023 e vol. II, 2024); O Livro de Rute – O Evangelho da Mulher – Uma Proposta de Tradução (2025).