Plano Pastoral


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“PEREGRINOS DA ESPERANÇA”

BARCELOS 2024/25

 

Eis-nos chegados ao início de um novo ano litúrgico e pastoral. Para este ano o tema escolhido foi "Peregrinos da esperança", pois como comunidade caminhamos, com esperança,  para transformar a nossa cidade e resto do mundo num local de paz, amor e de esperança, em especial num ano que celebramos o jubielu da esperança.

Adotamos tambem o tema "Tu és beleza", pois celebramos os 800 anos da criação do cântico das criaturas, o mais belo cantico composto por São Francisco de Assis, pois tendo Cristo como centro da criação, viu em cada criatura um irmão e uma irmã a cuidar.

Isso implica, uma profunda conversão ecológica que promova a cura das nossas relações com a criação, com Deus, com nós mesmos e com os outros.

Partindo desse pressuposto e, tendo presente a realidade específica desta comunidade de fiéis que o Senhor chama e congrega há 90 anos, bem como os caminhos apontados pelo Magistério da Igreja, a Arquidiocese de Braga e o projeto provincial dos Capuchinhos, foi possível definir algumas prioridades que em seguida revemos e projetamos para um tempo «carregado de eternidade» porque vivido ao ritmo do ano litúrgico, isto é, da celebração do mistério de Cristo.

 

1 - Cuidar da nossa relação com Deus e com nós mesmos

É muito importante sabermos cuidar de nós mesmos, não só do corpo, no que comemos e vestimos, mas também do espírito. Para as sociedades hodiernas, bem-estar, felicidade e consumo são conceitos que quase se confundem. Mas ter a casa cheia de coisas raramente preenche o coração. São José «é guardião porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, […] e toma as decisões mais sensatas.»

A isso ajudará se nos habituarmos a celebrar a Eucaristia com piedade e unção, se lermos assiduamente a Palavra de Deus, se nos confessarmos amiúdas vezes, se participarmos em vigílias de oração e valorizarmos o silêncio e a meditação como instrumentos de crescimento espiritual. Para além de termos a igreja aberta à noite nas sextas do Advento e da Quaresma, teremos ainda uma hora santa vocacional todos os meses. Que tudo concorra para um maior amadurecimento na fé e intimidade com o Senhor.

 

2 - Cuidar da nossa relação com os outros

Quem é o ‘outro’? O Papa Francisco identifica-o com «a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos», quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente ou na prisão (Cf. Mt 25,31-46), que vive nas periferias existenciais.

Mas o ‘outro’ é também aquele com quem celebramos a fé, que queremos acolher e integrar cada vez melhor, o irmão franciscano com quem queremos preparar o oitavo centenário do presépio de Greccio, o jovem que se prepara para as Jornadas Mundiais da Juventude, a criança que queremos que se sinta segura e feliz na nossa igreja, o que habita o mundo digital, a pessoa portadora de deficiência por quem queremos implementar já este ano um plano de acessibilidades, etc. Portanto, ser guardião do ‘outro’ é, enfim, «cuidar carinhosamente de todas as pessoas e cada uma».

Se isso requer, por um lado, que sejamos capazes de reforçar os laços que nos unem fraternalmente em vez de procurarmos constantemente o que nos separa, por outro, exige a coragem de sermos uma «Igreja em saída», samaritana, portanto atenta aos mais frágeis, e missionária, fazendo da experiência realizada em Elvas, em julho de 2022, um exercício constante, concreto e irrenunciável de sinodalidade.

 

3 - Cuidar da nossa relação com a Criação

Diz o Papa Francisco: «A vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos.»

Desde o início do triénio, temos procurado divulgar a encíclica Laudato si’, celebrar dias especiais como o Tempo da Criação, incluir o cuidado da criação na catequese e nas dinâmicas dos grupos, colocar ecopontos em vários locais e reduzir o consumo de papel. Melhoramos o isolamento térmico do telhado, instalamos painéis fotovoltaicos e lâmpadas led no Centro Pastoral e no Centro de Catequese e estamos a instalar sistemas de poupança de água.

Mas o mais importante é ajudarmo-nos mutuamente a perceber que «o mundo é algo mais do que um problema a resolver; é um mistério gozoso que contemplamos na alegria e no louvor».

Com São Francisco, Santa Clara e Santo António, procuremos em todo o tempo e lugar cantar os louvores ao Deus Altíssimo, nosso Criador!

 

Barcelos, 20 de outubro de 2024


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Frei Manuel Rito
Guardião da Fraternidade